Acontece Aqui!

17:13
Beleza Histórica

                                                                                                    foto: Daniele Agendes


Quem passa pelo centro da cidade de Guarapuava pode se deparar com o marco da fundação da cidade, a catedral Nossa Senhora de Belém, uma linda construção que mantém a imagem originária da colonização do município.  O destaque desta igreja é o seu acervo que foi mandado buscar pela esposa de um dos pioneiros de Guarapuava, o Tenente-Brigadeiro Antonio de Rocha Loures e que permanece guardado nos fundos da igreja pra quem se interessar em ver. Localiza-se na Rua Senador Pinheiro Machado.



Leitura a qualquer tempo



Com 77 anos e um sorriso no rosto, Seu Carlos é a prova que não
existe idade para mergulhar no mundo dos livros
      

       Eu ainda não sabia, mas aquele seria um dia inesquecível. Andando pela rua  
deparei com um senhor de pele enrugada, baixinho, sorridente, com uma revista
na mão, que, com uma voz animada e forte, me cumprimentou. Ele tinha um
rosto familiar, sabia que o conhecia de algum lugar, devo ter visto pelos
corredores da Universidade, mas nunca tinha reparado nos seus olhos, que estãoescondidos atrás de uma lente de vidro.
        Conversando com aquele  velhinho simpático, em um banco
qualquer, a primeira coisa que
ele me mostrou foi a revista de
uma famosa biblioteca de São
Paulo, que tinha visitado há
alguns dias. Aos poucos, ele foi
me contando sua história, seu
amor pelos mais variados livros.
Seu nome é Carlos Wirthman, morador do bairro Cascavel em Guarapuava. É conhecido pelos amigos como Seu Carlos, com 77 anos tem boa vontade, paciência, “jeitinho” e muita inteligência e se orgulha em dizer: “Amo ler,a leitura nos faz viver em vários mundos”.
        Se eu pudesse dar um conselho aos leitores, diria: “Quem tiver a oportunidade de conversar com o Seu Carlos, aproveite! Ele é uma pessoa fantástica!”. Humilde, bem humorado, disposto, culto, simpático, guerreiro, educado. Posso afirmar que em trinta minutos de bate-
papo, passei por diversos lugares do mundo, aprendi que Buenos Aires tem um acervo
de livros incrível, que a leitura faz bem pra alma e, principalmente, que idade não faz
 diferença alguma; pelo contrário, posso dizer que ele está melhor que todos os jovens
que eu conheço.
Com um sorriso no rosto, ele afirma que se dedicou mais à leitura depois da aposentadoria. É impressionante, Seu Carlos conhece diversos livros, autores e até mesmo línguas. Para ele, a
 leitura é o melhor momento do seu dia. Quando o assunto é literatura, o livro ...E o
Vento Levou está na lista dos seus preferidos.
Sabiamente, ele abre um largo sorriso e explica “Tratou sobre a Guerra da Secessão,
não era apenas um Romance, tem todo um contexto histórico no livro”.
       Além disso, sua maior vontade é a de propagar a leitura, mostrar para crianças,
jovens, adultos e idosos que leitura é como um espetáculo de magia tem ilusionismo, criatividade e coelhos na cartola. Inspirado em um projeto de um mercado em São Paulo, ele 
teve a idéia de esquecer o seu livro. Seu Carlos chegou ao banco da praça do bairro
Santa Cruz, sentou, leu o livro e deixou um bilhetinho na contracapa: “Esqueça o livro 
você também”, fez essa experiência com três livros, para sua felicidade em uma tarde               qualquer caminhando pela mesma praça onde deixava os livros, encontrou um deles.
“Sinceramente, pensei que nunca mais iria encontrar um dos livros. Me enganei,
alguém esqueceu o livro também”, ressalta com um sorriso no rosto.
        Seu Carlos participa da Universidade da Terceira Idade, estuda matemática,
viaja e lê muito. É importante destacar que ele não tem nenhuma preferência, bula de remédio, receita de bolo, enciclopédia, dicionário, gibi. ”Não vivo sem a leitura, leio o que
aparecer”, brinca.
       Histórias como a de Seu Carlos passam do nosso lado, um paulista, quemora no
 interior do Paraná, mas que conhece o mundo inteiro por meio da leitura. Ele,
sinceramente, é um exemplo a ser seguido, um senhor encantador. Sem sombra de
dúvidas, ele poderia passar à tarde contando um pouco de tudo que sabe dos livros
policiais, romances, ficções, literatura, que qualquer um iria adorar.

 A casa de um Visconde
         Um casarão localizado no centro da quase bicentenária Guarapuava.


Nada de anormal se não fosse a única construção colonial em torno da Praça 9 de dezembro. Esse é o museu Visconde de Guarapuava que durante décadas preserva a cultura guarapuavana, além de guardar ilustres objetos da cultura europeia.
            O monumento preserva traços de um Brasil imperial, foi construído por volta de 1841, por mãos de escravos. Nele viveu Antônio de Sá Camargo, o Visconde de Guarapuava, que comprou o casarão depois de deixar suas terras “Fazenda da Boa Cria” que se localiza no município de Pinhão, região de Guarapuava. Atualmente essas terras pertencem a uma família “comum”.
            Depois da morte do Visconde o casarão onde hoje é o museu foi deixado para seus sobrinhos, já que ele não deixou filhos. A residência foi alugada e tornou-se uma pensão, depois residência de duas senhoras, sala de aula e até uma biblioteca. No ano de 1948 foi comprado pela prefeitura de Guarapuava e transformado em museu. A casa grande não preserva a sua arquitetura original, a cozinha que ficava ao lado da senzala foi demolida, o terreno que se estendia até o calçadão foi reduzido. Mas a construção ainda preserva grande parte de sua originalidade, porém dos objetos que podem ser apreciados pelos visitantes e turistas nada pertenceu ao lendário Visconde.
            Esses objetos foram doados pelas mais importantes famílias guarapuavanas, todos pertenciam aos seus antepassados, que na maioria tinham origem europeia. Existem objetos simples como lamparinas, lampiões e ferros de passar a brasa. Também podem ser encontradas as tradicionais panelas de ferro e talheres.  Mas existe também uma finíssima sopeira em porcelana inglesa, datada de 1888 e um relógio alemão de 1930. A tecnologia também passeia pelo museu, os visitantes podem encontrar maquinas de calcular, maquinas de escrever e computadores dos anos 90. Objetos que eram usados pelos escravos, mas que não pertenceram ao visconde, também são encontrados e podem gerar na cabeça dos visitantes uma ideia de como era o trabalho. São monjolos usados para moer o milho, forno de torrar farinha, além da palmatória usada para os castigos.
            O casarão resiste ao tempo, hoje se destaca entre as construções gigantes e modernas. De fora vemos um passado que com o tempo foi cercado pelo presente, mas que não perdeu a sua elegância e nobreza. Dentro vemos objetos que ilustram o passado das famílias e da cidade, um passado que ajudou a escrever e estruturar o presente e o futuro.

    

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